É MELHOR NÃO SENTAR MAIS NO BATENTE
(Maciel Souza)
Uma cena quase não é mais notada
Por diversos motivos que explico:
De TV a internet com fuxico
Tem tirado os vizinhos da calçada.
Muito medo de que surja assim do
nada
De bandido a pequeno delinquente,
Cada um da calçada fica ausente,
Entre grades, cercas de alta
voltagem,
Pois pra quem é refém da
bandidagem
É melhor
não sentar mais no batente.
Eu me lembro do meu tempo de
criança
Quando à noite na calçada se
sentavam,
Conhecidos volta e meia ali
passavam,
Esta imagem guardo viva na
lembrança.
Lá em casa, depois que se enchia
a pança,
Fazia a fila, a meninada contente,
Pra tia Ciada, na calçada já
presente,
Esperando minha mãe e vó Maria,
Mas hoje, o conselho que eu daria:
É melhor não sentar mais no
batente.
Houve um tempo que um vizinho empolgado
Contava histórias que eram de
assombração,
Sempre tinha no relato um caixão,
Cemitério ou lugar mal-assombrado.
Meu coração ficava acelerado
Na claridade só da lua reluzente,
O nosso medo era coletivamente
E bem maior só na hora de dormir,
Porém hoje, tenho que admitir:
É melhor não sentar mais no
batente.
Outras vezes a leitura de cordel
Era pauta e alguém lia pra nós.
Uns adultos já cobertos por
lençóis
Transitavam entre outros a granel
Para ouvir sobre o rei que era
cruel
E o guerreiro que lutava
bravamente,
Se havia ali algum incidente
Era quando uma bufa se espalhava,
Se a mãe visse uma chinelada dava
E o menino não sentava no
batente.
É preciso hoje em dia ter cautela,
O bom senso precisa prevalecer,
Desde cedo, à tarde, ao anoitecer
Para assim evitar qualquer mazela.
Nesta vida estamos na passarela,
Submissos a tudo infelizmente,
Se o perigo cada dia é crescente
Mais cuidados precisamos sempre
ter
Pra começo e o mal não nos deter
É melhor não sentar mais no
batente.
MACIEL SOUZA
Até mesmo nos pontos mais distantes, nas fazendas, pequenos povoados, é preciso ter todos os cuidados, vez por outra aparecem assaltantes. Nossa vida não é mais como antes. Maciel, seu conselho é pertinente. Ninguém pode mais, displicentemente, ler cordel na calçada ou prosear. Bata papo através do celular. É melhor não sentar mais no batente. (Gilberto Cardoso dos Santos)
ResponderExcluirGrande verdade, grande amigo e poeta Maciel!! As pessoas estão presas em suas casas e os delinquentes soltos!!
ResponderExcluirBairros inteiros com portões fechados.
Hoje é raro vê gente em seus , calçadas.
João Maria de Medeiros Dantas
Responder
Boa! Maciel disse uma verdade com lleveza, beleza, ritmo e rima de nossa sociedade decadente, a de não mais podermos sentar tranquilos no batente! Valeu, mestre japiense! (Nailson Costa)
ResponderExcluir