Peço licença aos leitores
Para a história contar
Da criação da mulher
Direitinho sem errar
Como ela surgiu na terra
Aqui eu vou relatar.
Diz o Velho Testamento
Em Gênesis um vinte e sete
Que a mulher foi criada
E a história não repete
No mesmo dia que o homem
Quem não concordar delete.
Pouco importa se depois
Numa abordagem singela
O mesmo livro sagrado
Diz que foi de uma costela
Esse novo nascimento
Mudando a história dela.
Conta-se que o Criador
Que de fraude não se acusa
Criou Adão e Lilith
O homem e sua musa
É em Gênesis dois dezoito
Que a coisa fica confusa.
O texto logo depois
Toma rumo diferente
Introduz uma costela
De maneira inteligente
Mas essa parte da história
Eu vou contar mais pra frente.
Dizem os livros antigos
Que a mulher foi criada
Juntamente com o homem
Da matéria empoeirada
E assim Adão e Lilith
Ambos nasceram do nada.
Adão e Lilith viviam
No Éden sem mais ninguém
Comiam frutos da terra
E tudo que dela vem
Domando animais selvagens
Criando filhos também.
Adão passava seus dias
Pescando peixe graúdo
De cação a surubim
Pegava quase de tudo
Arraia bagre badejo
E também peixe miúdo.
Pra variar o cardápio
Andava pela floresta
Caçando animais selvagens
Coisa que ninguém contesta
E quando chegava em casa
Era sempre aquela festa.
Não existia o IBAMA
Nem proteção de animais
Pois no começo das eras
Os bichos eram demais
A caça era abundante
Por aqueles matagais.
Só não caçava macacos
Com eles tinha aliança
Quando avistava um sagui
Fazendo aquela festança
Trazia o mico pra casa
Pra divertir as crianças.
E havia outro porém
Nessa atitude tão bela
Que livrava a macacada
De acabar na panela
Era o medo que Adão tinha
De uma tal febre amarela.
Também não matava onça
Pois era bicho matreiro
De jacaré tinha medo
Por ser muito traiçoeiro
Corria de dinossauro
Quando avistava o primeiro.
Só o carneiro coitado
Pra esse não tinha sopa
Perseguia o animal
Numa correria louca
Pois da pele precisava
Para fazer sua roupa.
Lilith a mulher amada
Tinha os seus afazeres
Nunca saía de casa
Cumprindo os santos deveres
Varrer casa e lavar prato
Eram estes seus prazeres.
Sair pra caçar veado
Ou outro animal
qualquer
Ouvia logo a sentença
Não é coisa de mulher
Você não tem o direito
De fazer o que quiser.
Tomar banho só vestida
Numa pele de cordeiro
Assim mesmo bem composta
Pra não mostrar o traseiro
Topless e tanga fina
Nem trancada no banheiro.
Vestir roupa provocante
Pra ressaltar a beleza
Ler escrever e contar
Punia-se com firmeza
Usar baton era crime
Contra as leis da natureza.
Andar sozinha na selva
Ou votar numa eleição
Era atitude passível
De severa punição
A palavra liberdade
Soava como agressão.
Pensou um dia consigo
Isto aqui não está certo
Os direitos são iguais
Assim está mais
correto
Qualquer hora largo tudo
E vou morar no deserto.
E muito determinada
Assim pensou assim fez
Chamou o varão de lado
Falando com altivez
Os direitos são iguais
Hoje chegou minha vez.
Sua primeira atitude
Num domingo de manhã
Juntou cem lascas de lenha
Aquela deusa pagã
Fez uma grande fogueira
E queimou seu sutiã.
Empunhando um pergaminho
Ali mesmo ela escreveu
Fazendo mais que depressa
Um cartaz onde se leu
Saiba que mexeu com uma
Foi com todas que mexeu.
Com voz desembaraçada
Disse na cara de Adão
Não vou ficar mais por baixo
Esta é minha decisão
Na hora de fazer sexo
Eu escolho a posição.
Que de agora em diante
A força não sobrevenha
Contra o que está decidido
Retaliação não tenha
Ou então será invocada
A Lei Maria da Penha.
O grito de liberdade
Que pareceu egoísta
Ecoou por toda terra
De forma tão realista
Que fez de nossa Lilith
A primeira feminista.
Daquele dia em diante
Lilith saiu a vagar
E Adão no paraíso
Tomando conta do lar
Não sabia o que fazer
Sem mulher pra lhe ajudar.
Aquela união primeira
O mais perfeito consórcio
Feito pela mão divina
E sem somaçâo de esforços
Agora estava desfeito
Era o primeiro divórcio.
Adão ficou desolado
Foi queixar-se ao Criador
A vida no Paraíso
Tinha ficado um horror
Jeová então lhe disse
Vou atender seu clamor.
Esperou ele dormir
Pouco antes da aquarela
Com uma leve incisão
Retirando-lhe a costela
Ali instantaneamente
Fez uma linda donzela.
Adão saiu satisfeito
Dizendo com esta eu posso
É uma mulher perfeita
Mui grande é o poder vosso
Em tudo ela me pertence
Pois é osso dos meus ossos.
O que ele não sabia
Nem contava como certo
É que existisse viv'alma
Rondando ali no deserto
E que a astuta Lilith
Continuava por perto.
Assim viveu muitos anos
Com Eva sua mulher
Até que num certo dia
Por um motivo qualquer
Ela se viu enredada
Nas artes de Lucifer.
E de repente cismou
Que estava desejando
Provar de uma fruta nova
Que no mato estava dando
Era uma tal de maçã
Que ficava lhe tentando.
Uma fruta muito doce
De uma cor diferente
Que só em olhar pra ela
Já se sentia contente
Trazida nas mãos em concha
De delicada serpente.
Adão que tinha perdido
A sua Lilith tão bela
O sossego do passado
E ainda uma costela
Preferiu ficar calado
E não discutir com ela.
Pois na sequência dos fatos
Veja só o que se deu
Quase num piscar de olhos
A desgraça
aconteceu
Eva provou da maçã
E Adão também comeu.
Houve arrependimento
De um e de outro lado
Porém não tinha mais jeito
Era o primeiro pecado
Vida boa e Paraíso
Estava tudo acabado.
Na pressa em satisfazer
A sua mulher querida
Adão havia esquecido
Recomendação trazida
Que não devia tocar
Na bela Árvore da Vida.
Expulsos do Paraíso
Pela mão da onipotência
Lá foram Adão e Eva
Mais a sua descendência
Todo mundo condenado
Pela desobediência.
Veio também o trabalho
Exercido com
desgosto
Pelo homem aqui na terra
Nem que seja por
preposto
Pois tem que comer o pão
Com o suor de seu rosto.
Enfim ficou comprovado
Que a serpente do mal
Apresentou-se pra Eva
Como ser angelical
Trazendo assim para o mundo
O pecado original.
Dizem também que ela escolhe
A ocasião perfeita
Porém nada está provado
Tudo depende da seita
Se apodera da mulher
Que com homem não se deita.
Há ainda quem afirme
Como verdade divina
Que a presença na terra
Desse ente que fascina
Traduz-se em duas palavras
Liberação Feminina.
Fica a lição para o homem
Não aprende quem não quer
Que seja neste planeta
Ou noutro mundo qualquer
Nem que viva dez mil anos
Vai dominar a mulher.
Os relatos mais antigos
Sobre esta rara figura
Datam do século sétimo
Registrados nas gravuras
De amuletos Arslan Tash
Relíquias das escrituras.
E aqui nos referimos
Às escrituras pagãs
Como a Torá o Talmud
E os amuletos de Arslan
Escritas há muitos séculos
Antes da era cristã.
O épico de Gilgamesh
De origem sumeriana
Em Dois Mil e Cem a.C.
Em língua mesopotâmica
Nas suas tábuas registra
Essa passagem adâmica.
O alfabeto Bem Sirá
Em antiga
tradução
Integrante da Torá
Do Talmud e do Corão
Registra terem existido
Eva Lilith e Adão.
Isaías trinta e quatro
Da Bíblia original
Antes do século quarto
E da Vulgata atual
Fez menção a essa mulher
De maneira magistral.
Foi o Concílio de Trento
Que fez modificação
Quando adotou o latim
Como oficial versão
E então deletou Lilith
Numa clara intervenção.
A história de Lilith
Da maneira que contei
Está nos livros antigos
Não fui eu que inventei
É só você pesquisar
Do jeito que pesquisei.
Verdadeira obra prima 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 - Luciana Bezerra
ResponderExcluirMuito bom o assunto. Porém a formalização histórica de Lilith, a mulher serpente, foi uma invenção dos Annunaki para confundir os humanos e tornar essa deusa algo abominável. Lith e Emanuel são seres extradimensionais, ou seja estão em outra dimensão mais sutil da Suprema Criação, que sempre vêem a Terra para nos orientar e nos livrar dessa escravização Annunaki. -Francisco Queiroz
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