quarta-feira, 2 de março de 2022

RATUMANOS - - Hélio Crisanto


RATUMANOS


O homem acende a centelha

Do pesadelo da guerra

O céu cospe labaredas

A boca da morte berra

O bonde da paz enguiça

E o vendaval da cobiça

Espalha o ódio na terra


Há um muro construído

Dentro de cada cristão

Entrincheirado no ódio

Não exercita o perdão

Constrói em si barricadas

Armazenando granadas

Dentro do seu coração


Guardiões sanguinolentos

Escarnecem a fé alheia

Um míssil parindo ogivas

Rasga o céu e serpenteia

Uma sirene em alerta

Desnuda a noite deserta

O sangue jorra da veia


Nos guetos filas de ratos 

Alimentando os seus vícios

Rasgando risos de raiva

Nas bocas dos precipícios

A morte ainda criança

Corta o pulso da esperança

Nas portas dos edifícios


O poder segue o seu rito

Serve a sua realeza

Rapinando os desvalidos

Roubando o pão da pobreza

Tirando dela os seus custos

Bebendo o suor dos justos

No prato da safadeza


Perdida, a humanidade

Geme de alma vazia

Cultuando falsos deuses

Vomitando hipocrisia

Sem leis severas que a dome

Sedenta e morta de fome

De paz, amor e harmonia.


(Hélio Crisanto)

Ouça o poema na voz do autor:


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