NO SERTÃO ANTIGO ERA ASSIM!
MÃE-DA-LUA (NO SERTÃO) E URUTAU (AVE FANTASMA - NA CAMPANA GAUCHA):
"Conta uma famosa lenda boliviana, que na densa mata habitava a bela filha do cacique de certa tribo, enamorada por um jovem guerreiro da mesma tribo, a quem amava profundamente. Amava e era amada.
Ao saber do romance, o pai da menina, enfurecido pelo ciúme, usou suas artes mágicas e tomou a decisão de acabar com o namoro da maneira mais trágica: matar o pretendente. Ao sentir o desaparecimento de seu amado, a jovem índia entrou na selva para procurá-lo. Enorme foi sua surpresa ao perceber o terrível fato.
Em estado de choque, voltou para casa e ameaçou contar tudo à comunidade. O velho pai, furioso, a transformou em uma ave noturna para que ninguém soubesse do acontecido. Porém, a voz da menina passou à ave. Por isso, durante as noites, ela sempre chora a morte de seu amado com um canto compassado e melancólico."
Tempos idos, no Sertão da minha infância, quando a nossa mãe domava nossas peraltices, com o alerta de que o "papa-figo" chegara na freguesia ou lobisomem passara a fazer ronda noturna na cidade. Certa noite, indo à "Cachoeirinha de Tia Melada Velha", em companhia de meu avô Eloi de Souza, na frondosa copa de uma oiticica centenária, escutei seu choro, era igual a uma criança. Arrepiava aquele canto sinistro.
Meu avô, uma magna estação da oralidade histórica do Sertão, para domar o meu sobrosso, narrou: "Esse choro, é de criança que morrera pagã, e para amenizar o seu sofrimento, chora todas as noites, pedindo rezação de missa, pra poder entrar no céu".
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