OLIMPÍADA DA PREGUIÇA
O tornozelo está doendo depois da pisada em falso. Agora tenho que carregar um pé com o freio de mão puxado. Correr, nem pensar.
Depois desse tornozelo inchado, as pessoas perguntam-me o que foi, aí eu digo que estava procurando colocar minha vocação de atleta em dia. Fui jogar futebol, mas depois da bola na cara e o pé torcido, abandonei de vez.
Penso em comprar uma esteira. O único empecilho é que fico me comparando com uma mala de aeroporto. Isso é o que acontece com quem planeja demais. Chega o momento em que o planejamento toma aspecto de indecisão, o que não é o caso, ou é?
Outra opção é a natação. Estou pesquisando se há alguma forma de praticá-lo sem me molhar. O motivo maior de evitar piscina, é que toda vez que mergulho só me vem à lembrança o tempo em que eu estava mergulhado na placenta.
Há poucos dias perdi noites de sono planejando esquiar. Acredito que ter neve é só um detalhe, e o que conta é a boa vontade. Estou querendo comprar esquis e uma ladeira bem íngreme. Jogo um pouco de gelo picado, e está resolvido. Vou decidir depois.
A vida de um atleta do meu naipe é difícil. Sou fanático por esportes, mas o que mata é essa vontade de praticar todos ao mesmo tempo. Tenho certeza de que o salto com vara eu “tô fora”.
Puxar ferro em academia eu já tentei. Cheguei lá e a única coisa que fiz foi ficar olhando as “Popozudas”. Não conseguia tirar o olho. Tachado de "brecheiro", fui expulso. Procurei saber o que significava e a dona disse que são pessoas que ficam olhando pela brecha. Contestei que eu não estava olhando pela brecha, mas sim, estava olhando as brechas. Esse argumento só piorou a situação.
Hoje me vejo um “sem-academia”. Sofro por ver meu sonho de ser atleta ir por água abaixo.
Contando esta minha frustração em uma reunião dos Atletas Anônimos, um amigo sugeriu levantamento de copo e arremesso de cuspe. Acho que este vai dar certo!
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 22/11/2021 – 09:02
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