A MENTIRA DE GUERNICA
Mais uma vez jogo a toalha para análises do que é bom ou ruim em arte. O que é de fato e o que é conivência. Deparei-me com um texto de Carlos Heitor Cony publicado em 14 de agosto de 1997, no jornal Folha de São Paulo, em que o autor expressa uma opinião diferente do que eu sabia até então sobre o quadro Guernica de Pablo Picasso. Ele diz o seguinte:
“[...] o quadro Guernica, muitos consideram o mais importante do século.
O próprio Picasso e os partidos comunistas de todos os quadrantes foram os primeiros a classificá-lo como a denúncia do horror desencadeado pelo fascismo na Guerra Civil da Espanha [...]
[...] Acontece que o quadro foi pintado antes do bombardeio. Picasso idolatrava o toureiro Joselito, morto tragicamente, e dedicou-lhe uma tela de oito metros de largura por três e meio de altura. Intitulou-se A morte do toureiro Joselito. Usou de cores sombrias, fúnebres, que iam do preto ao branco.
O pintor chegou a se esquecer do quadro, até que lhe encomendaram um trabalho para o pavilhão republicado da Exposição Universal de Paris. Com alguns retoques, mandou a morte do toureiro. O nome foi mudado para Guernica. Como era isso que esperavam dele, ninguém reparou. Teve início uma das mais ridículas interpretações críticas na história das artes.
Tanto o cavalo do picador como o próprio touro estão em lugares de destaque no quadro. A expressão de horror das cinco figuras humanas é comum nas arenas. A criança morta no colo da mãe é uma alusão à personalidade de Joselito, uma espécie de menino grande e heroico. [...]”
Depois que tive acesso a esse texto, percebi o quanto Sócrates é atualizado com o seu: “só sei que nada sei”.
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 02/06/2021 – 09:14
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