SELVA
Sou um hipopótamo e gosto de proteger
os cervos. Na posição de polícia da floresta, fiquei observando um cervo que estava
fugindo de cães selvagens. O indefeso foi parar em uma pequena ilha no meio da
minha circunscrição. Ele ficou por lá enquanto os cachorros montaram guarda à
margem. Um crocodilo aproximou-se e ficou bem paradinho esperando a hora certa.
Olhou para o relógio e viu que faltavam quinze minutos para o almoço, por isso
continuou sem pressa. Os cães ligaram o paredão e foram dançar... se correr o
bicho pega e se ficar o bicho come...
O cervo nunca aprendeu a nadar
ligeiro. Fez curso de natação, contratou professor particular, mas não teve
jeito. Sua habilidade sempre foi pular e correr. Nesse momento o cervo gostaria
de ter nascido tubarão, e influenciado por esse pensando, pulou dentro d’água.
O crocodilo faminto foi atrás querendo chegar primeiro do que a concorrência. Se
o deixasse sair da água perdia para os cães. Nesse momento de tensão, decidi abocanhá-lo.
A mordida o pegou desprevenido e ele saiu fora muito machucado. Fiquei para dar
suporte ao cervo. Ele voltou a nadar em círculos evitando a margem. Os cães
ficaram salivando esperando a comida cansar e se entregar. Aproveitaram o
momento de relaxamento para cheirarem o rabo um dos outros.
As fêmeas providenciaram mesa,
pratos, talheres e temperos. Faltou o sal, então ligaram para o delivery, contudo
não havia ninguém disponível. Continuaram dançando, e foi aí que decidi ir às margens para acabar com a putaria. Não consegui abocanhá-los, mas à noitinha desistiram do
banquete. Para o cervo eu sou super-herói. Para os outros... nem tanto. Como é
difícil agradar a todos!
Heraldo Lins Marinho
Dantas (arte-educador)
Natal/RN, 10/02/2021 – 17:20
84-99973-4114
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