Discurso
Enigmático
Desde os primórdios da humanidade que todo
mundo tem uma ideia formada sobre as coisas, que faz entender que pau é pau e
pedra é pedra, até que se prove o contrário.
Como se diz por aí: casa de ferreiro,
espeto de pau. Não dá para falar à boca pequena, mas está todo mundo louco
porque a vaca foi pro brejo, e quem for podre que se tore, pois, afinal, isto
aqui não é casa de mãe joana não.
É isso aí, a pressa é inimiga da perfeição, e atirar no escuro é atirar
com pólvora alheia. Trocar o certo pelo duvidoso é coisa de fim do mundo,
entretanto não dá pra bater o martelo e ficar de bico fechado, pois ninguém é
de ferro.
Nesta guerra fria, não perder a cabeça é ponto de honra. É que tem rico
caindo das nuvens e pobre brincando com fogo. E isso é muito perigoso.
Ora, faz de conta que a vida é tão bela e há mil e um motivos para
sonhar, porque nem tudo está perdido e o problema sempre acaba em pizza, e vida
boa mesmo é a do vizinho.
A bem da verdade, tem gente chorando de barriga cheia e batendo com a
língua nos dentes, todavia tem muito mais gente pegando papel na ventania, uma
vez que estão comendo o pão que o diabo amassou. O que levanta a suspeita de
que nem tudo são flores e a vida não é um mar de rosas.
O futuro é escuro. Tempo é dinheiro. E o mundo é do mais esperto,
principalmente daqueles que são amigos do alheio. É de cortar coração, mas é
preciso fazer das tripas coração, senão um dia a casa cai e não dá pra ficar
chorando o leite derramado, nem tapar o sol com uma peneira.
Pois bem, é bom confiar desconfiando, porque o santo desconfia da esmola
grande, e há muitos lobos vestidos de cordeiros; seguro morreu de velho e de
boas intenções o inferno está cheio.
É triste viver de porta em porta, mas, antes tarde do que nunca, custe o
que custar é preciso navegar. Viver de quebra-galhos é remar contra a corrente,
acredite se quiser ou entra pelo cano. A barra está pesada e vai estourar a
boca do balão, pois não dá para ficar nesse feijão com arroz, sem ver a luz no
fim do túnel.
Caramba! deu zebra e essa onda pega. Se cochilar o cachimbo cai e termina
pisando na bola, porque está provando que dois mais dois são quatro e se correr
o bicho pega e se ficar o bicho come. É o fim da picada.
Companheiro, devagar com o andor que o santo é de barro. Cada coisa tem
seu momento e cada coisa funciona no seu lugar, pois quem faz pela vida tem e
só amor constrói. É que não adianta nadar, nadar e morrer na praia. É assim
mesmo, tudo que é bom dura pouco. Viver na corda bamba é coisa de maluco, pois
não dá pra ficar em cima do muro, que está assim de gavião. Com outras
palavras: o povo é grande, mas tamanho não é documento.
A
propósito, nada como um dia atrás do outro. Aquilo que Deus não quer,
paciência. Não adianta reclamar, quem sabe sabe, e escreveu não leu o pau
comeu.
Sinto muito, na dúvida deixo o dito pelo não dito. Lavo as mãos e salve o
melhor juízo.
Que Deus nos ilumine.
José da Luz Costa (J. Luz) Natal,
fevereiro/99.
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