quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

DISCURSO ENIGMÁTICO - José da Luz Costa (J. Luz)

 


Discurso Enigmático

 

Desde os primórdios da humanidade que todo mundo tem uma ideia formada sobre as coisas, que faz entender que pau é pau e pedra é pedra, até que se prove o contrário.

Como se diz por aí: casa de ferreiro, espeto de pau. Não dá para falar à boca pequena, mas está todo mundo louco porque a vaca foi pro brejo, e quem for podre que se tore, pois, afinal, isto aqui não é casa de mãe joana não.

É isso aí, a pressa é inimiga da perfeição, e atirar no escuro é atirar com pólvora alheia. Trocar o certo pelo duvidoso é coisa de fim do mundo, entretanto não dá pra bater o martelo e ficar de bico fechado, pois ninguém é de ferro.

Nesta guerra fria, não perder a cabeça é ponto de honra. É que tem rico caindo das nuvens e pobre brincando com fogo. E isso é muito perigoso.

Ora, faz de conta que a vida é tão bela e há mil e um motivos para sonhar, porque nem tudo está perdido e o problema sempre acaba em pizza, e vida boa mesmo é a do vizinho.

A bem da verdade, tem gente chorando de barriga cheia e batendo com a língua nos dentes, todavia tem muito mais gente pegando papel na ventania, uma vez que estão comendo o pão que o diabo amassou. O que levanta a suspeita de que nem tudo são flores e a vida não é um mar de rosas.

O futuro é escuro. Tempo é dinheiro. E o mundo é do mais esperto, principalmente daqueles que são amigos do alheio. É de cortar coração, mas é preciso fazer das tripas coração, senão um dia a casa cai e não dá pra ficar chorando o leite derramado, nem tapar o sol com uma peneira.

Pois bem, é bom confiar desconfiando, porque o santo desconfia da esmola grande, e há muitos lobos vestidos de cordeiros; seguro morreu de velho e de boas intenções o inferno está cheio.

É triste viver de porta em porta, mas, antes tarde do que nunca, custe o que custar é preciso navegar. Viver de quebra-galhos é remar contra a corrente, acredite se quiser ou entra pelo cano. A barra está pesada e vai estourar a boca do balão, pois não dá para ficar nesse feijão com arroz, sem ver a luz no fim do túnel.

Caramba! deu zebra e essa onda pega. Se cochilar o cachimbo cai e termina pisando na bola, porque está provando que dois mais dois são quatro e se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. É o fim da picada.

Companheiro, devagar com o andor que o santo é de barro. Cada coisa tem seu momento e cada coisa funciona no seu lugar, pois quem faz pela vida tem e só amor constrói. É que não adianta nadar, nadar e morrer na praia. É assim mesmo, tudo que é bom dura pouco. Viver na corda bamba é coisa de maluco, pois não dá pra ficar em cima do muro, que está assim de gavião. Com outras palavras: o povo é grande, mas tamanho não é documento.

A propósito, nada como um dia atrás do outro. Aquilo que Deus não quer, paciência. Não adianta reclamar, quem sabe sabe, e escreveu não leu o pau comeu.

Sinto muito, na dúvida deixo o dito pelo não dito. Lavo as mãos e salve o melhor juízo.

Que Deus nos ilumine.

 

José da Luz Costa (J. Luz)             Natal, fevereiro/99.


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