terça-feira, 5 de janeiro de 2021

ONTEM FOI MELHOR - Heraldo Lins

 


ONTEM FOI MELHOR

 

 

 

Novamente retomamos a mais um início. Cada dia que passa, o fim fica mais perto. O fim onde tudo é pó. Onde a ausência da pressão atmosférica predominará. Onde a força da gravidade deixará de existir e tudo se desprenderá da terra, inclusive eu, ser humano. O que faz o meu rim permanecer com as células agrupadas é a pressão externa forçando essa aglomeração. A pressão atmosférica mantém meu corpo unitário, assim como a balada mantém periguetes juntas. Uma não se aglomera sem a outra. É tanto que para dispersar a periguetagem basta retirar o equipamento de som.

 

Independente de mudar o ano, todos vamos continuar fazendo alguma atividade. Até o defunto estará ocupado ocupando um lugar no espaço. Neste momento há alguém ocupando meus ouvidos com uma música. Se eu for reclamar dirá que a culpa é do vento que está levando o som. Não tem como eu processar o vento por perturbação ao sossego público. Ninguém assume a quebra das regras. Enquanto ele não se dá conta que está perturbando, convivo também com a falta d’água. Estou lavando as mãos dentro de um balde para reaproveitá-la na descarga. Tomo banho dentro de uma bacia com o mesmo objetivo. A falta do precioso líquido está servindo apenas para usá-la como fonte de inspiração. De qualquer maneira uma ajuda a outra.

 

A música alta aqui perto ajuda a piorar meu início de ano. Agora está tocando um hip-hop. O restinho da inspiração foi para o ralo junto com a água. Antes eram os clássicos da MPB, agora, uma canção que fala de coração. Ninguém canta: você partiu o meu pâncreas. É sempre o coração... acho que hoje só vai dar para divulgar meu sofrimento auditivo. A solução é colocar um protetor auricular. Já não basta o protetor solar, óculos de sol, sapato, blusão, máscara e agora temos que andar com um protetor auricular. Um não, Vinte! Caso algum perca-se. Pronto! Coloquei protetores auriculares. Parece que entrei num túnel. É a mesma sensação de mergulhar em Fernando de Noronha. Quem mergulhou sabe. É como se estivéssemos voando sem barulho. Vou fechar os olhos e pensar que estou mergulhando. Ah! Não dá! O bate estaca chama-me para a realidade. Parece que hoje a única opção que tenho é ouvir o que o vizinho quer que eu ouça.  Ah! Antes que me esqueça: feliz ano novo para você também!       

 

 


Heraldo Lins Marinho Dantas (arte-educador)

Santa Cruz/RN, 1º/01/2021   10:53  

showdemamulengos@gmail.com

84-99973-4114

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