Sobre a própria ausência
Onde estará aquela garota que trazia sempre um fone nos ouvidos e um chiclete a mascar? Seu semblante era tão triste... volta e meia a víamos cantarolar suas músicas que imaginávamos ser de rock, devido às roupas que usava... jamais parecia empolgada... sempre cabisbaixa, vez ou outra deixava cair suas lágrimas ao pedalar a bicicleta, correr na esteira ou usar qualquer máquina... Nenhum exercício parecia produzir nela a endorfina que a nós outros. Era como se ela viesse pra academia apenas para exercitar os músculos faciais, pois mais chorava que treinava aquela garota.
Por que será que ela parava tanto tempo naquela janela? O que será que estava a imaginar? Será que percebia que alguém a estava a observar? Provavelmente não; tão distraída que sempre foi, parecia até que se achava invisível. Mas o fato é que aquele ar tristonho, aquela aparência sombria inundava este lugar... Não importava o quão animados os ritmos da ginástica estivessem tocando, era só ela entrar que tudo parecia um campo solitário, onde pensamento algum passava despercebido mesmo em detrimento do barulho exterior.
Que fim levou aquela garota? Terá se encontrado? Terá se perdido? Terá recebido algo inesperado? Não se sabe... O que eu sei é que depois que ela se foi eu não tive mais com o que me distrair e agora a única tristeza que encontro por aqui é a minha.
Cecília Nascimento
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