quinta-feira, 4 de abril de 2024

VERSOS, LIÇÕES E REVESES DOS ECOS DA REPRESSÃO - 1º lugar no concurso de cordel



Parabenizamos ao poeta caicoense e membro da ANLiC (Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel) Hélio Alexandre Silveira e Souza pelo 1º Lugar no concurso organizado pela Estação do Cordel relativo ao tema "Ditadura Nunca Mais". Embora o autor tenha se sentido surpreendido pelo resultado, não é a primeira vez que recebe prêmios dessa natureza. Além de exímio poeta, o nobre advogado é um excelente ilustrador.

Em sua página do Instagram 

(https://www.instagram.com/no_vai_e_vem_dos_versos/) Hélio Alexandre postou: 

"Parabéns a todos os participantes! De tudo, essencialmente, faz-se indispensável lembrar que a simbologia desse evento e de todos os escritos dele originados é, talvez, a conexão do ontem, do hoje e do amanhã. Bem sabemos dos riscos, das intenções e manobras que, sorrateiramente, espreitam a nossa democracia. Assim, espero que todas as vozes caladas em tempos idos de repressão e obscurantismo possam falar hoje através dos nossos atos, nossa consciência e nossos sentimentos."

Varneci Nascimento, Cristine Nobre e Aderaldo Luciano compuseram a Mesa Julgadora que determinou a vitória para Hélio Alexandre (1º lugar), Edson Paiva (2º lugar), e  Francisco Gabriel (3º lugar).

Em 1964, ocorreu no Brasil o Golpe Militar, que resultou em um período de ditadura que durou até 1985. Em 2024, no mês em que ocorreu esse concurso, completamos 60 anos desse traumático acontecimento. O Ponto de Memória Estação do Cordel pretende lançar ainda em 2024 uma antologia com 60 cordeis classificados no dito concurso e desenvolver outras ações nesse sentido.

Nando Poeta, principal responsável e idealizador, deve receber nossos aplausos não só pela realização do concurso, mas pela temática escolhida e pela lisura na escolha dos vencedores. 

 - Gilberto Cardoso dos Santos


VERSOS, LIÇÕES E REVESES DOS ECOS DA REPRESSÃO

Autor Hélio Alexandre (Pseudônimo utilizado no concurso: Clarissa J. Herzog)


Nas sombras da insensatez,

onde o mal firmou raízes,

militares invocaram

as piores diretrizes,

roubando os sonhos que havia, 

ceifando a democracia

e deixando as cicatrizes.

 

Tristes anos que vão longe,

mas com dores tão presentes;

uma ferida profunda

nos corpos, almas e mentes…

Podaram sonhos e vozes,

enquanto os atos atrozes

sufocaram inocentes.

 

Homens covardes de farda

com base em falsos valores,

sedentos por mais poderes,

desprovidos de pudores,

fizeram, na Ditadura,

um festival de tortura

contra os seus opositores.

 

No auge do show de horrores

surgem atos mais letais:

como AI-5, entre outros

atos institucionais,

com prisões, mortes sumárias,

perseguições arbitrárias

e repressões ilegais.


Tensos tempos em que livros,

filmes e canções sutis

foram as armas mais fortes

nas mãos dos pobres civis

contra a cruel truculência

e a nefasta violência

dos gatilhos dos fuzis.

 

As mãos da democracia

não devem baixar a guarda!

A fúria dos opressores

esmorece, mas não tarda;

seguem tramando malfeito

com fanatismo no peito

e sangue manchando a farda.

 

Guardemos, pois, as lições

desse passado feroz,

que a sanha vil dos golpistas

não suprima a nossa voz;

no futuro e no presente,

que esses ovos da serpente

não germinem entre nós.


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Veja o poema que obteve o 2º Lugar no concurso:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/a-arte-amordacada-edson-de-paiva.html


Poema que obteve o terceiro lugar no 1º Concurso da Estação do Cordel:

https://apoesc.blogspot.com/2024/04/ditadura-nunca-mais-cordel-premiado.html





Um comentário:

  1. Nobres poetas da APOESC, meu caro Confrade Gilberto Cardoso, é uma honra participar, mais uma vez, das publicações desse memorável canal e compartilhar com vocês da minha alegria, tanto pela produção poética, quanto pela natureza do tema que nos inspira a refletir como cidadãos. Recebam meu abraço e meus cumprimentos. Salve a democracia e viva a poesia! (Hélio Alexandre)✊🙏

    ResponderExcluir

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”