Meneia a cabeça tentando parar de pensar, mas não tem jeito. O motor torturante das imagens permanece ligado independentemente da vontade do consciente, restando ao condenado adaptar-se a essas amarras enquanto o tempo o consome.
Não pode entrar na área de escape e depois voltar. O jogo consiste em ir aprendendo a lidar com suas dúvidas sem que possa experimentá-las num possível ensaio. O desafio é se manter organizado, impedindo que as vontades inatas extrapolem o cerco cultural do que pode ou não fazer. Assistir pessoas implorando para que as retire da zona de sofrimento, esse é o sonho arquitetado pelo pensamento maligno que o acompanha. Muitas vezes, pediu para exterminar seus inimigos, mas não existe a exceção em quebrar a regra de amá-los como a si mesmo, então ficou refém dessa condição de criatura produzida em série apenas para executar o programa instalado no ninho cerebral.
Ele é o seu próprio inimigo sem permissão para autodestruir-se, por isso tem que usar artimanhas de fuga para não ficar frente a frente com a própria pequenez de subserviente.
Tomar consciência dessa condição o fez arredio diante das fantasias impostas pelos sentidos. As sensações da existência de um mundo exterior lhe chegam através dos sentidos como o mais reles dos seres vivos que decidem balizados pela dor e pelo prazer enganadores.
O que o faz ser de forma contínua é uma imposição da produção dos mesmos pensamentos, definindo-o através do seu comportamento repetitivo dentro de um círculo barrado pela carência holística. Não tem escapatória enquanto depender da matéria orgânica para seguir existindo no mundo infinitamente pequeno das reações moleculares.
Pode até se manter enganado achando que é o responsável por definir o que irá colocar em prática, porém todo o conhecimento necessário para tal, e adquirido a duras penas, será furtado pelo tempo no final do seu tempo. O mais dramático é que o pensamento não encontra mais a cola que o segurava nas paredes da imaginação. Transformou-se em água parada e fedida e sem utilidade prática.
Caminha para um fim igual a todos os outros e nem mesmo a consciência de estar em estado vegetativo ele tem. Aqui e acolá, um clarear de ideias se acende por trás das nuvens escuras que norteiam seu progressivo desmanche fazendo-o perceber que sempre foi assim, contudo a venda nos olhos colocada pela ambição não o deixou discernir o que era realidade ou ilusão.
Toma consciência que sempre será tarde para decidir qual o melhor caminho a ser tomado, já que os acontecimentos seguem num ritmo de frações de segundos sem chance para qualquer humano acompanhá-los em tempo real.
Heraldo Lins Marinho Dantas Natal/RN, 17.02.2024 - 11h26min.
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