No silêncio noite passada, ouvindo o vento brigar com uma chuvota cessada, sobejo da planura da "Serra do Cuité", tendo como mediadora o despacho de encardidas biqueiras. Vez por outra a vacância desses chiados, era aproveitada pelo canto amoitado de melancólica "coã", já de penugem lavada pelo aguaceiro que tem caído sobre esses chãos terminativos da Borborema potiguar.
Professando uma autorreflexão, me pergunto que tenho de atrativo para essa misteriosa ave, que tem seu canto de seca, mas, no oitão da quadra invernosa, expressa profunda atração pela réstia de luz que aflora nos alpendres da Graúna? Esse questionamento me faz fluir, visto que durante o dia, ela tem encantamento parecido com sua prima-irmã, a mãe-da-lua.
Ao preferir quedar-me para me entregar a paz de longa Madorna, pois, só acordei no "quebrante da varra", parece que ela, a "coã", se acomoda na sua solidão e mudez, como uma atitude de admiração pelo meu mundo que às vezes a tem como uma ave agourenta, e dizem até ter poder de fazer com que as chuvas de verão e outono nesses trópicos, encontrem um exílio longe, trazendo a sede pro Sertão.
Por ela tenho profunda admiração. Durante as tardes setembrinas, vejo-a alvejante nas galhadas desnudadas das amoreiras de eras. Triste e canto compassado. No inverno alegre, a ví dando rasante com canto vexatório. Sempre é uma ave de muito mistério nesses Sertões de muita crueza.
J.E.S.
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