No dia 11 de
fevereiro de 2017, Santa Cruz Cruz viveu um momento ímpar com o duplo
lançamento de dois importantes livros: A Antologia dos poetas e escritores de
Santa Cruz (APOESC), organizada pelo poeta, prosador e cordelista Gilberto Cardoso dos Santos; e o
livro “Nas Veredas de Mim Mesmo”, do poeta Hélio Crisanto.
Entre os que puderam
se referir a esse momento e também aos livros cujo valor literário pode ser
comprovado, antecedeu-me aqui o ilustre professor e poeta José da Luz, cujo
nome confere valor à antologia e de quem me orgulho muito, pois como cidadão São-bentense
faz questão de se declarar como filho telúrico do lugar em que me criei e do
qual me orgulho muito. (Ver texto de Zé da Luz)
Antecedeu-me também a ilustre professora Valdenides
Cabral, titular da UFRN que com maestria e singularidade descreveu os aspectos
de um poeta que nós, amantes da cultura popular, conhecemos muito bem. (Ver Texto de Valdenides) Hélio
Crisanto, poeta que remonta ao homem do sertão e cujo aspecto rústico e
resistente lembra profunda relação do sertanejo com o lugar onde vive e cujas
veredas remonta ao título do livro de um conhecido autor de nossa literatura
(literatura brasileira). As “veredas” de Crisanto lembram que, assim como no
Grande Sertão de Guimarães Rosa, a poesia regional é o resultado das experiências
e histórias que o poeta pretende traduzir.
Sobre esses
aspectos não precisamos nos estender mais, pois já foram bem destacados pela
professora Valdenides. Do mesmo modo, e de valor tão estimado quanto, a antologia
da APOESC, organizada pelo professor, cronista, poeta e divulgador da cultura
popular Gilberto Cardoso, merece uma atenção especial, principalmente no que se
refere à democratização da literatura. Porque não existe outra palavra para
definir essa antologia a não ser “democracia”.
A antologia é
democrática, primeiramente, porque ao mesmo tempo em que reconhece o valor de
poetas e prosadores já conhecidos no meio literário, abre oportunidades àqueles
que estão iniciando a carreira, mas que despontam com forte valor
literário. Nesse aspecto, a Antologia lembra
outro livro que no seu aspecto democrático teve contribuições de diversos
autores, de diferentes épocas e de diferentes setores da sociedade, desde médicos
e doutores da lei até simples pescadores e camponeses. Assim como a Bíblia,
muitos puderam contribuir com essa maravilhosa antologia.
Esse trabalho
também é democrático à medida que sua composição não se prende a um único
gênero literário. A diversidade de gêneros é a marca dessa antologia, pois é
possível se encantar com boas leituras tanto no gênero prosa como na poesia. Essa
diversidade se acentua também em relação ao estilo, pois é possível ler poemas
ligados à tradição poética como o soneto, assim como poemas com um viés mais
modernista. Também é possível estabelecer diálogo entre uma escrita
regionalista, ligada à tradição popular em contraponto com um segmento mais
erudito.
Para
finalizar, destaco que mesmo que a Antologia e o livro de Hélio Crisanto não atinjam o número esperado de
vendas entre os jovens como os Best-sellers americanos, cumprem um papel fundamental
no que se refere à valorização da cultura potiguar, pois oportunizam que o
leitor, acostumado a importar cultura, desperte para uma consciência cultural local,
pouco valorizada entre nós.
Gilvan Oliveira é professor da Rede Estadual em São Bento do Trairi e no Colégio IESC. É formado em Letras pela UFRN e mestrando do PROFLETRAS em Natal - RN
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