Hora de queimar
o boi:
A festa silenciou
O nosso guia se
foi
Sua missão
terminou
Foi-se quem
tanto apoiou
A cultura
verdadeira
A nossa alma
brejeira
Feito criança
ficava
Quando se
apresentava
Mestre Antônio
da Ladeira
A cultura foi
seu guia
Durante longa
existência
Na dança e na
poesia
Ele firmou a
vivência
Enfrentou com
resistência
O progresso sem
fronteira
Que destrói na
terra inteira
O que o passado
teceu
Com seu boi
permaneceu
Mestre Antônio
da Ladeira
O passado jaz à
porta
E não deve ser
varrido
Feito uma coisa
morta
Que perdeu todo
sentido
Que não seja
enfraquecido
O brilho dessa
fogueira
Que nossa saga roceira
Resplandeça em
sua glória
E não tire da
memória
Mestre Antônio
da ladeira.
Os 3 reis do
Oriente
No céu estão a
dançar
Junto com seu
boi valente
Mestre Antônio
vai chegar
Sem hora pra
terminar
Tem início a
brincadeira
Vão passar a
noite inteira
Com anjos se
divertindo
E alegremente
seguindo
Mestre Antônio
da Ladeira
Ele fez o que
podia
Pra manter a
chama acesa
A cultura que trazia
Era cheia de
beleza
Vem dançando a
realeza
Numa nuvem de
poeira
Mas a morte
sorrateira
Veio à festa
estragar:
Era hora de
levar
Mestre Antônio
da Ladeira.
Num planeta
iluminado
Que ao progresso
cultua
Nos espelhos do
Reisado
Falta o clarão
da lua
Mas a festa
continua
O boi desce a
ribanceira
A Catirina
faceira
Chega para
conquistar
Em vão tenta
despertar
Mestre Antônio
da Ladeira
Nosso mestre
adormecido
Sonha com outro
Reisado
E está tão
envolvido
Que não será
acordado
Resta-nos o seu
legado
Pra cultura
brasileira
Vamos fechar a
porteira
Para o progresso
inclemente
E guardar em
nossa mente
Mestre Antônio
da Ladeira.
A ladeira
da cultura
É difícil de
subir
Cercados de
amargura
Muitos querem
desistir
É preciso
persistir
Não se entregar
à canseira
Erguer bem alto
a bandeira
Nem sempre
reconhecida
Como fez por
toda a vida
Mestre Antônio
da Ladeira.
A poesia mora em Santa Cruz.
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