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quarta-feira, 19 de junho de 2024

Clarice Lispector e James Joyce: Conexões Literárias (Por Damata Costa)











CLARIJOCIANDO

“Deus devia ser um matemático.” Clarice.
“Deus é um ruído na rua” Joyce

O que aprendi com Clarice e Joyce:
A não se levar a sério. A não pertencer a nenhuma escola e ser ao mesmo tempo vanguarda. DADACLA

A olhar o céu e sentir o barulho da vida
E ver os dragões e Órion - o caçador
Brincar com as Três Marias. “Mamãe é mamãe, mas minha mãe verdadeira é Maria” (Clarice).

Em Joyce e Clarice a palavra-enigma. As metáforas são enigmas a serem decifrados.
Sentir o coração das florestas
E quando perguntado pelo tempo, responder:

É a hora da Estrela. È a hora vesperal de Molly Bloom.
Minha liberdade é escrever.

A palavra é o meu domínio sobre o mundo.” (Clarice Lispector)

No livro Perto do Coração Selvagem de Clarice percebe-se os ecos Joycianos.
"Ouvimos Clarice, assim no Ulysses de Joyce, ouvimos as personagens muito mais nitidamente que as vemos.

Brilha no céu uma estrela. É a hora dela. É a hora da Estrela Clarice. Seu brilho não para. Novos livros e traduções são lançados. Assim como não para de surgir outros livros sobre a exegese Joyciana.
A palavra era o seu domínio sobre o mundo. A nossa cegueira sua palavra faz enxergar como num jardim. Lídia vê um cego mascando chiclete e fica transtornada.
Clarice trouxe o cego Joyce e Homero para nós. Lídia perde a estação de chegada do bonde e cai dentro do Jardim Botânico, com seus cérebros apodrecidos.

“Tão bonito que ela teve medo do inferno.”

A súbita percepção do coração Selvagem do jardim que apodrecia, gotejava, germinava, levava-a à beira do da insanidade. “A loucura é vizinha da mais cruel sensatez, escreveu Clarice.” (in Em Perto do Coração Selvagem).

O Ovo não existe isoladamente.
“Sim, porque ele nunca fez uma coisa dessas como pedir para tomar seu café da manhã na cama como dois ovos ... (Ulysses, James Joyce)

“De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver o ovo nunca se mantém no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto o ovo há três milênios. – No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. – Só vê o ovo quem já o tiver visto. – Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. – Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. – Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. – Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o ovo. – O ovo não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe.”
(O Ovo e a Galinha. Clarice Lispector).

A busca da palavra, Clarice. A angústia diante da página - tela em branco. Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome O silêncio, o que as palavras não conseguem dizer! A palavra é meu domínio sobre o mundo, mas falta.

Enquanto não consegue pintar, a narradora escreve para um
antigo amante:

Há muita coisa a dizer que não sei dizer . Faltam palavras.
(Clarice Lispector , Água Viva )


Um comentário:

  1. De que ovo se trata ? Se for um ovo como de o de galinha é um forte e bom alimento. Se for um ovo humano há que se inventar uma segura armadura óvica para bem proteger esse órgão importante de reprodução humana. Mas se o ovo humano estiver muito cheio melhor ir a um bar com música e tomar 2 doses (cada uma pra cada o ovo) e deixar o espírito leve até dançar a dança do saco vazio... daí, velho, e flutuar até as nuvens e voar com as gaivotas... quem já não fez?

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