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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

PSEUDO-REALIDADE - Lindonete Câmara



PSEUDO-REALIDADE

         Estamos vivendo uma era narcisista e nela estão inseridas redes sociais que veiculam as suas atitudes, sejam elas coletivas ou individuais. É preocupante enxergar como as pessoas se deixam levar por notícias e imagens falsas, a exemplo das fake news.
Quantas mentiras políticas disseminadas nos últimos dias, quantas inverdades pessoais digitadas por um ego aparentemente forte e inflado, quantos desejos de espalharem perfeição, onde bem sabemos que a perfeição não existe. Quantas promessas mirabolantes circulam por coachs convidando pessoas para uma transformação rápida num breve espaço de tempo, quando sabemos que o inconsciente é apenas uma ponta do iceberg.
Quanta gente lendo autoajuda com intuito de impressionar e expressar ao mundo  que vive uma alma só de maravilhas. Quanta enganação de hipnotistas falsos que ludibriam as emoções alheias. Quanta gente repassa um ar eterno de felicidade que só é real nas telas da tecnologia. Quantos elogios exacerbados, divinos e virtuais são feitos aos amigos, aos familiares e a si, que foge da realidade cotidiana e humana. Quanta expressão de um self ideal e não real, sem a demonstração dos pés no chão. Quantas mensagens religiosas e contraditórias, que manipulam vidas sem nenhuma piedade.
Quanta exposição das desgraças humanas através de terríveis fotografias sem a menor empatia pelo o outro e pela família em sofrimento. Quanto exibicionismo corporal e falta de maturidade com objetivo de chamar atenção na internet por algum motivo. Quanta ridicularização comportamental devido à falta de reconhecimento para uma real e imprescindível mudança.
Quanta demonstração de impecabilidade familiar em todos os aspectos, indicando que há mitificação nas palavras. Quantos delírios inseridos em textos de que o céu já é plenitude na terra. Quantas interrogações, quantos mecanismos de defesa, quantas crenças, quantas ilusões de óptica, quanta euforia, quantas mentiras, quanta aparência, quantas fugas existenciais, quantas necessidades pessoais, quanta falta de fé, quanta frieza humana, quanto falso preenchimento, quanta necessidade de ajuda psíquica, quanto vazio existencial.
Cuidemos de nossa saúde mental!

Lindonete Câmara. Em, 11/11/2018.

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