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segunda-feira, 10 de março de 2014

A EX DO REFRIGERANTE - João Maria de Medeiros


Era uma vez uma latinha de refrigerante, ou melhor , uma ex-latinha de refrigerante. Ela vivia triste porque estava abandonada ao relento, as margens de um córrego, sem nenhuma serventia, sem qualquer utilidade. 


Outrora, aquela latinha tinha a cor da mata; verde, a cor da natureza. Mas devido ao senhor tempo e à própria natureza, a cor verde estava desaparecendo, dando lugar a uma cor escura, a cor da ferrugem!


Dia após dia , a latinha estava cada vez mais triste, acabrunhada. Até que um certo dia, entretanto, um menino ao andar naquele lugar procurando materiais para reciclagem encontrou-a, e como fazia sempre com o material, levou –a um comprador desse tipo de material. Era um senhor alto, gordo e de farto bigode preto.

Antes de receber o dinheiro pela latinha, porém, Pedrinho,como era chamado o menino,fez-lhe um pedido:

- Senhor, esta latinha estava abandonada à beira de um córrego e quando fui pegá-la, tive um susto , pois ela olhou para mim e fez-me um pedido.
Ao ponto que o senhor interviu:
- Qual foi o pedido, garoto?

- Ela pediu-me que queria ser reciclada, mas com uma condição: Não como recipiente de refrigerante. Disse-me que o refrigerante é muito nocivo à nossa saúde. Queria ser útil à humanidade. Antes de calar-se, prometi que faria isso pra ela! O senhor promete fazer isso pra mim? Pra gente?

Meses depois, já com outra cor, uma cor azul, a cor do céu, do mar, ela aparece sorridente, feliz numa estante de um grande laboratório farmacêutico, mas servindo agora como recipiente de uma substância revolucionária, que combate as maiores doenças da humanidade: a inveja, a desonestidade, a ignorância, as injustiças e outras mazelas.

***João Maria de Medeiros é professor, poeta e cronista.

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