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terça-feira, 3 de junho de 2025

A subjetividade do malandro na Literatura Brasileira e na MPB - Livro de Roberto Gabriel


A figura do malandro é um ícone cultural brasileiro, representando uma subjetividade complexa que transita entre a marginalidade e a resistência. Roberto Gabriel, profundo conhecedor da MPB, a quem já entrevistei neste blog, fez deste tema o cerne de seu doutorado e foi aprovado com louvor. O estudo por ele desenvolvido propõe uma análise dessa figura na literatura brasileira e na música popular brasileira (MPB), explorando como ela reflete e influencia a construção da identidade nacional. - Gilberto Cardoso







Livro: "A subjetividade do malandro na Literatura Brasileira e na MPB". Doutor: Roberto Gabriel Guilherme de Lima.


O primeiro capítulo é uma análise da subjetividade do malandro no livro: Memórias de um sargento de milícias de Manuel Antônio de Almeida.


O segundo capítulo é uma análise da subjetividade do malandro no livro: Macunaíma de Mário de Andrade.


No terceiro capítulo faz-se uma menção à: Música, poesia e canção popular: uma reaproximação de conceitos e um subcapítulo: A poesia na prosa, no poema e na canção popular.


No quarto capítulo fala-se do: "O cuidado de si" e a constituição subjetiva do malandro.


No quinto capítulo:


5.1 O malandro na história oficial e não oficial do Brasil.

5.2 O malandro nas canções de Noel Rosa.

5.3 O malandro nas canções de Chico Buarque de Holanda.

5.4 O malandro no romance buarqueano: "Essa gente".


No sexto capítulo


6.1 Caracterização da pesquisa.

6.2 Sujeitos da pesquisa.

6.3 A Subjetividade do malandro entre alunos.

6.4 A Subjetividade do malandro entre educadores.


Considerações finais

Referências.




O livro foi lançado em Santa Cruz, no espaço do IFRN que leva o nome da mãe do autor, no Auditório Profª. Francisca Ivaita Guilherme de Lima, no dia: 30/05/2025.

Quem quiser saber mais ou se interessar pela obra, que tem 257 páginas e custa 50 reais, entre em contato pelo telefone: (84) 988524277


Abaixo, uma entrevista que fiz com o autor, publicada em 12 de junho de 2011





BATE-PAPO COM ROBERTO GABRIEL SOBRE SUA PAIXÃO PELA MPB


Gilberto Cardoso: Trace de si um perfil e faça uma minibiografia.

ROBERTO GABRIEL: Nasci em Natal 13/02/1969. Filho de: Roberto Gabriel de Lima e Francisca Ivaita Guilherme de Lima. Sou professor de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino. Tenho mestrado em Literatura Comparada,e especialização em Língua Portuguesa, sou graduado em Letras pela UFRN.

Gilberto: Desde quando surgiu seu interesse pela MPB? Fale-nos do histórico de sua coleção de CDs e discos.

ROBERTO: Desde cedo, fui criado num ambiente musical, sempre ouvíamos canções diariamente. Minha mãe foi quem comprou os primeiros LPs que tinha em minha casa. Ouvi muito Martinho da Vila, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Waldick Soriano, Núbia Lafayete, Ângela Maria, Roberto Carlos, entre outros. A partir daí fui dando continuidade a minha coleção de vinil. Sempre gostei de receber de presente um disco.

Gilberto: O que você classificaria como genuína MPB? Há algo que leva tal nome e que, de fato não o merece?

ROBERTO: Nada nesse mundo é definido como puramente genuíno. Nossa música é altamente mesclada de ritmos e estilos, rotulá-los não é meu papel. Sou apenas uma pessoa que admira essa tão vasta e respeitosa MPB. A MPB compreende um campo muito vasto de estilos musicais.

Gilberto: Não acha impróprio o termo “popular” para esse tipo de música? Por quê?

ROBERTO: Acho mais impróprio o termo música do que o termo popular. Porque música está ligado àquilo que é musical, tipo uma partitura, e não àquilo que é cantado. Eu trocaria o termo música por canção. Porque canção é uma letra escrita para ser cantada dentro de uma melodia. O termo popular surgiu para diferenciar as músicas clássicas (Beethoven, Ravel) das músicas (letras melodiosas) cantadas pelo povo.

Gilberto: Que pensa das ideias de Caetano Veloso a esse respeito?

ROBERTO: O que eu sempre compreendi sobre a Tropicália, movimento musical liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, é que eles queriam juntar unindo todos os estilos musicais brasileiro. Era este o papel principal da Tropicália.

Gilberto: Caetano gravou sucessos bregas, Maria Bethânia fez o mesmo. Que pensa a respeito?

ROBERTO: Meu caro não existe nada brega na música brasileira, o que existe é um preconceito exacerbado de certas pessoas que não têm conhecimento de causa. Porque a própria palavra já diz: preconceito é um conceito prévio que certas pessoas tiram a respeito de algo que não conhecem.

Gilberto: Quem você classificaria como verdadeiros ícones da MPB?

ROBERTO: Fica difícil porque o Brasil é o país dos grandes compositores, dos grandes cantores e das grandes cantoras. Todos tiveram uma grande contribuição na constituição da nossa música. Falar de alguns e deixar outros de lado, é melhor incluir todos.

Gilberto: Quais seus cantores e compositores preferidos?

ROBERTO: Se eu fosse nomeá-los passariam dos 250, portanto vou falar aqueles pelos quais sou mais apaixonado. Homens: Alceu Valença, Moraes Moreira, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Djavan e Milton Nascimento. Mulheres: Elba Ramalho, Baby do Brasil, Rita Lee, Gal Costa, Maria Bethânia, Simone, Clara Nunes, Marisa Monte, Elis Regina, Beth Carvalho e Tereza Cristina.

Gilberto: Que voz você classificaria como a melhor e que compositor mais o encanta?

ROBERTO: Melhor voz: Milton Nascimento Melhor compositor: Noel Rosa

GilbertoComente a seguinte frase, dita por Reginaldo Rossi : "A diferença entre o brega e o chique só começou a existir depois da década de 60. Quem falasse mal do regime militar era chique".

ROBERTO: O Regime Militar foi um período cruel da nossa história, isso deu margens à muitas canções, mas é claro que todas as canções feitas no Brasil, nessa época, obrigatoriamente, não deveriam ter que se referir a esse período, isso é ilógico. E nem por isso as canções que não se referissem a esse período deveriam ser taxadas de bregas.

Gilberto: A perda da militância política não empobrece a qualidade da Mpb? Não há um excesso de romantismo que poderia ser classificado como fator alienante?

ROBERTO: Não, porque a mesma elite que ouve, digamos as tais canções de protesto, é a mesma que não cumpre o seu papel quando está no poder. Na minha opinião, a sociedade brasileira é a mais hipócrita do mundo, porque para o brasileiro se eu estou bem não me importa o resto. Acredito que as canções de amor deveriam alertar essa sociedade hipócrita para amar mais o seu próximo.

GilbertoPor que a MPB não cai no gosto do povo brasileiro ? Teria a ver com a música em si ou com o descaso dos meios de comunicação?

ROBERTO: Tudo tem seu tempo, tudo acontece no seu tempo.

GilbertoHá algo a lamentar em relação a MPB?

ROBERTO: Só tenho a agradecer aos grandes mestres, interpretes e músicos do Brasil, pois é a única coisa levada a sério nesse país.

GilbertoNos dias atuais, como está a MPB? Pensa que ela já teve seus dias áureos?

ROBERTO: Sempre está surgindo um grande nome, um exemplo disso é a Escola de Samba PORTELA que tem lançado além dos seus grandes smbistas, uma nova safra de sambistas como Diogo Nogueira, Tereza Cristina, Dorina, Juliana Diniz e Nilze Carvalho que são sambistas Portelenses da nova geração.

GilbertoQue discos e CDs faltam em sua vasta coleção da MPB? Cite algo raro que você possui?

ROBERTO: o primeiro CD dos Secos e Molhados e um CD do cantor/compositor cubano Pablo Milanês. Faltam muitos CDs para minha coleção, se eu pudesse eu teria todos os CDs lançados no Brasil sem restrição.

GilbertoFale um pouco sobre sua tese de mestrado e diga-nos suas palavras finais.

ROBERTO: Minha tese é a respeito das canções de cunho feminino de Chico Buarque porque eu trabalho com essa fronteira do gênero entre o masculino e o feminino.

O que me faz viver ainda, nessa sociedade hipócrita brasileira, é saber que eu tenho muita gente boa para ouvir em casa. Tudo isso me dá um enorme prazer em viver.




2 comentários:

  1. Caro Roberto, já realizou seu sonho de adquirir o primeiro CD do grupo Secos e Molhados? E o de Pablo Milanéz? Parabéns por seu livro! - Gilberto Cardoso

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  2. Amei a entrevista de Roberto! Tenho muita admiração por ele. Parabéns à apoesc pela entrevista.

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